Em um avanço notável para a biotecnologia agropecuária, o Brasil celebrou o nascimento dos primeiros bezerros geneticamente editados utilizando a técnica CRISPR/Cas9. Este feito, resultado de uma colaboração entre a Embrapa Gado de Leite e a Associação Brasileira de Angus, representa um passo significativo na adaptação de raças bovinas de alta produtividade às condições climáticas tropicais do país.
Entre o final de março e o início de abril de 2025, cinco bezerros da raça Angus nasceram com sucesso. As análises genéticas iniciais confirmaram que pelo menos dois deles incorporaram a característica desejada: pelos curtos e lisos, conferindo maior resistência ao calor. Essa modificação foi alcançada por meio da edição do gene receptor da prolactina, associado ao controle da temperatura corporal em bovinos.
A técnica CRISPR/Cas9, conhecida como “tesoura genética”, permite cortes precisos no DNA, possibilitando melhorias específicas sem a introdução de material genético de outras espécies. Dessa forma, os animais editados não são considerados transgênicos, pois as alterações poderiam ocorrer naturalmente por meio de cruzamentos convencionais.
Este avanço não apenas promete melhorar o bem-estar animal, reduzindo o estresse térmico, mas também aumentar a produtividade e a eficiência reprodutiva em ambientes quentes e úmidos. Com as mudanças climáticas impactando diretamente a pecuária, adaptações genéticas como essa tornam-se essenciais para garantir a sustentabilidade e a competitividade do setor.
O projeto agora avança para fases de monitoramento do crescimento dos animais, avaliação de desempenho e estudos sobre a hereditariedade das modificações genéticas. A expectativa é que, com o tempo, essas características possam ser transmitidas às gerações futuras, consolidando uma linhagem mais adaptada às condições tropicais.
Este marco coloca o Brasil na vanguarda da biotecnologia agropecuária, demonstrando o potencial da edição genética de precisão para enfrentar os desafios contemporâneos da produção animal.