Captura de imagens permitirá identificar corpos d’água que tenham potencial para utilização na atividade
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vai trabalhar no desenvolvimento de uma tecnologia de mapeamento por satélite que poderá ser capaz de detectar corpos d’água que tenham potencial para uso na criação comercial de peixes.
A gestão da tecnologia ficará a cargo da Embrapa Territorial, unidade da estatal de pesquisa agropecuária que fica em Campinas (SP), e a empresa brasileira Concert Space fará o “treinamento” do software e a comercialização dos serviços. As duas empresas já assinaram o acordo que sacramenta a parceria.
O satélite do projeto entrará em órbita em 2025, a bordo de missão Möbius, da canadense Galaxia Mission Systems. Para fazer o mapeamento, o satélite contará com uma câmera, que fará captação e análise de imagens, o que permitirá aos técnicos extrair informações de interesse da cadeia da aquicultura.
Com as imagens, será possível identificar e avaliar o potencial dos corpos d’água, afirma Lucíola Magalhães, chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Territorial. Segundo ela, a expectativa é que a nova tecnologia facilite a atualização anual de viveiros escavados em todo o território nacional.
Em 2018, a Embrapa usou imagens cedidas pela agência espacial europeia para mapear o país. “Foi um trabalho exaustivo, não só porque foi a primeira iniciativa da Embrapa, e talvez do Brasil, no mapeamento da aquicultura nessa escala, mas também porque temos um território com dimensões continentais, e a aquicultura ocorre de forma dispersa em todos os Estados”, diz Magalhães. Na ocasião, a estatal mapeou somente os municípios do “G75 estadual” — que respondiam por 75% da produção em cada unidade federativa.
No novo projeto, os usuários da tecnologia — prefeituras do municípios e outros potenciais interessados na atividade, por exemplo — poderão ter acesso a serviços de relatórios e monitoramento, explica Rafael Mordente, diretor-executivo da Concert. Em ambos os casos, diz, o custo desses serviços vai depender de seu grau de complexidade.
A partir de imagens de mapeamento oferecidas pela Embrapa, a Concert vai, ao longo deste ano, “treinar” o software para reconhecer reservatórios d’água cavados artificialmente. Os relatórios oferecerão uma visão estática dos registros que o satélite fizer. Materiais de média complexidade poderão custar cerca de R$ 5 mil, relata Mordente. Ainda não há estimativa de custo médio para os serviços de monitoramento, afirma ele.
O satélite ficará em órbita durante cinco anos. O equipamento fará uma foto cada vez que passar por um alvo, e a equipe em terra utilizará a imagem para avaliar se o corpo d’água que aparece no registro tem atividade econômica. A cada revisita do satélite ao mesmo alvo, será possível saber, por exemplo, se o corpo d’água encolheu ou se expandiu.