No início da década de 90, o brasileiro José Marcos Sarabia usou a sua formação em agronomia para fazer um movimento arriscado: ao invés de investir no Centro-Oeste, que já estava chamando a atenção de grandes produtores do agronegócio brasileiro, escolheu o Paraguai como destino.
Após conhecer o país em algumas viagens a trabalho, resolveu empreender no Paraguai em 1993, entrando no mercado de defensivos, sementes e fertilizantes agrícolas. Aos 29 anos ele criou, com o irmão caçula Paulo, a Agrofertyl para ser uma espécie de consultoria para os produtores rurais do país. Mais tarde, apostou na fabricação de agroquímicos com a compra da Tecnomyl. Aos 60 anos, Sarabia contou sua história na autobiografia Sementes do Sucesso, lançada pela editora Matrix e que tem o prefácio escrito pelo presidente paraguaio Santiago Peña.
Em 2022, o Grupo Sarabia foi o maior pagador de imposto de renda no Paraguai. As empresas Agrofertil, Tecnomyl e Agropecuaria Campos Nuevos pagaram o equivalente a R$ 114 milhões em imposto de renda, à frente de bancos e empresas de petróleo.
Em entrevista à Dinheiro Rural, o empresário conta que a infraestrutura precária foi um dos principais desafios que ele enfrentou após começar a empreender no Paraguai.
“Quando chegamos aqui, as estruturas de transporte, logística e comunicação eram bastante precárias. Apesar de ter melhorado, ainda temos esse gargalo de transporte. Um dos principais problemas é conseguir espaço para exportar ao Brasil, pois hoje passamos 500 caminhões por dia pela Ponte da Amizade, sendo que poderíamos exportar o dobro disso”, acredita.
O empresário líder do ramo de insumos e defensivos também acompanhou o crescimento do agro no país vizinho. Quando fundou a sua empresa, o Paraguai tinha 800 mil hectares de produção de soja. Hoje esse número chega aos 3,3 milhões de hectares.
“O mercado de defensivos, sementes e fertilizantes ainda era muito informal nessa época no Paraguai e eu percebi que havia um potencial para desenvolver uma empresa formal levando insumos agrícolas de qualidade com assistência técnica ao agricultor”.
Nestes 31 anos no Paraguai, a empresa conta hoje com 2 mil funcionários: são 300 agrônomos, 700 colaboradores de nível superior e 1000 atuando no ‘chão da fábrica’
A principal área de produção agrícola no Paraguai está na fronteira com o Brasil, sendo a parte central do país a segunda maior região. Sarabia aponta que a região dos Chacos paraguaios, que é mais seca, está começando a desenvolver a agricultura e já tem uma pecuária de alta qualidade.
Expansão no mercado brasileiro
Após conquistar o Paraguai, o próximo passo do grupo empresarial de Sarabia é se consolidar no mercado brasileiro de defensivos com a Tecnomyl. Em 2023 a companhia teve um market share de 2,4%, com seus 65 agrônomos vendedores no país. Toda a produção da empresa é feita na fábrica no Paraguai, que possui 150 mil m² e os funcionários brasileiros negociam os insumos da Tecnomyl e de outras empresas, principalmente chinesas. De olho no mercado nacional, o desejo do empresário é crescer ainda mais.
“Queremos estar entre as 10 principais empresas nesse mercado nos próximos 5 anos”, acredita.