As cores das cravinas, amores-perfeitos e begônias enfeitam a paisagem de Curitiba. As chamadas flores de inverno aparecem nos 48 parques da cidade, jardinetes, praças e avenidas, como a Via Vêneto, principal ligação com o complexo gastronômico de Santa Felicidade.
Estas espécies de flores não são escolhidas ao acaso. São culturas que se dão bem no clima frio, predominante nesta época do ano na cidade.
O cultivo é feito no Horto Municipal do bairro Guabirotuba, responsável pela produção de todas as flores que embelezam o Jardim Botânico, o calçadão da Rua XV, parques, praças e ruas de Curitiba.
“Nós produzimos para duas estações: inverno e verão. Na estação quente predominam tagetes, sálvias, begônias, sunpatiens (beijinho) e zinhas”, explicou José Roberto Roloff, diretor do Departamento de Arborização e Produção Vegetal, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA).
A cada novo plantio, as flores retiradas voltam para compostagem no Horto do Guabirotuba. Depois do processo de decomposição, que dura cerca de 120 dias, o composto orgânico será usado no preparo do solo para novos plantios pela cidade.
Florida e bem-cuidada
A presença das flores em locais públicos deixa Curitiba mais bonita, tanto para curitibanos como turistas e demonstram o zelo da Prefeitura pela cidade.
O resultado é uma explosão de cores difícil de resistir. Gabriela Menezes veio do Espírito Santo para fazer a prova do Revalida de Medicina em Curitiba e aproveitou para conhecer o Jardim Botânico.
“Eu estive várias vezes em Curitiba, mas sempre de passagem. Dessa vez consegui visitar o Jardim Botânico. É um lugar muito lindo, especialmente porque eu amo flores”, afirmou.
Ela disse também que gostou de ver os canteiros de flores nas ruas da cidade. “É uma sensação de alegria de andar pelas ruas e ver tanta beleza”, elogiou a turista capixaba.
3 milhões de flores por ano
A cada estação, são plantadas em média 600 mil novas flores em parques, praças, jardinetes, avenidas, ruas e floreiras públicas.
O diretor do Departamento de Arborização José Roberto Roloff explicou que a produção do horto é de 3 milhões de flores por ano. Os insumos vêm de três fornecedores e antes de iniciar a produção de uma espécie, o horto as testa para ver se elas se dão bem com o clima curitibano.
Petúnias para o Outubro Rosa
Locais como o Jardim Botânico, que comporta cerca de 100 mil plantas, precisam de planejamento antecipado do horto, de pelo menos um ano de antecedência.
“Atualmente estão sendo produzidas petúnias amore para os vasos da Rua XV de Novembro e petúnias rosa para o Jardim Botânico, em comemoração ao Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização do câncer de mama”, exemplificou Roloff.
Cuidadas com amor
Para dar vazão à forte demanda, o horto conta com uma equipe de sete pessoas que faz o chamado processo de repicagem, que é transferência das plantas em primeiro estágio para o tubete onde será dado continuidade ao processo de desenvolvimento.
Carlos Roberto Widderhoff é um dos encarregados deste processo e diz que é uma tarefa gratificante. “O segredo é cuidar com amor porque flores são frágeis. Quando ando pela cidade e vejo os canteiros bonitos fico satisfeito porque sei que tem a minha mão ali”, disse o trabalhador.
‘Lugar mais bonito em que eu já trabalhei’
Este sentimento de pertencimento é compartilhado com o funcionário do Jardim Botânico, Jaíbe Íris Cordeiro.
“Faz três meses que eu trabalho aqui e gosto muito de fazer o plantio das flores. Este é o lugar mais bonito que eu já trabalhei na vida”, confessa.
O trabalho de Jaíbe é compensado pela admiração diária dos visitantes do Jardim Botânico. A pernambucana Paulete Reis, que mora há 20 anos na capital, costuma vir percorrer as alamedas floridas do lugar pelo menos duas vezes ao mês.
Xodó de curitibanos e turistas
“É um lugar fantástico, muito bonito. Gostaria que tivesse roseiras também, mas as flores que estão aqui já dão um efeito maravilhoso”, disse a comissária de bordo, que trouxe a amiga de Recife, Michele Menezes, para conhecer o local.
“Isso aqui é belíssimo, muito bem-cuidado. Eu vou levar uma ótima impressão de Curitiba”, disse Michele, que escolheu passar as férias na cidade.
Vem aí a produção de árvores
Criado em 1936, o Horto do Guabirotuba está iniciando a produção árvores. “Nós vamos produzir as árvores que serão plantadas nas ruas e avenidas da cidade”, revelou Roloff.
O processo já começou com o plantio das primeiras mudas em fase de testes. São manacás, uvaias, canafístulas, ipês (verde, roxo, amarelo e branco) e cerejeiras.
As mudas estão sendo cultivadas no sistema de sustentação vertical em espaldeiras, muito visto em parreirais. A técnica é antiga, usada na agricultura para frutas, e promete a produção de plantas maiores e de raízes mais resistentes a intempéries e vandalismo, além da redução do tempo entre a semeadura e o plantio.
Para atingir a meta de entregar 44 mil mudas por ano, o horto vai expandir a área de cultivo de sementes e desenvolvimento das plantas.
“Este é um projeto que vai começar a produzir resultados em um prazo de três anos. Estamos trabalhando com mudas que recebem bastante adubação e por isso têm o desenvolvimento mais acelerado”, estima Roloff.