Do ponto de vista operacional, as empresas continuam a manter escritórios e equipes operando de forma independente
A Copa Energia, empresa de engarrafamento, comercialização e distribuição de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), e ainda dona das marcas Copagaz e Liquigás, anunciou que comprou a Companhia de Transporte de Gás (CTG) e entrou no mercado de biometano. O valor da transação não foi divulgado.
Segundo a empresa, um dos principais motivos da aquisição foi posicionar a Copa no mercado de biometano ou gás natural renovável, energético obtido a partir da purificação do biogás, uma mistura de gases que têm como origem o processo natural de decomposição de resíduos orgânicos em ambientes onde não há troca de ar — a digestão anaeróbica.
Do ponto de vista operacional, as empresas continuam a manter escritórios e equipes operando de forma independente. Em entrevista ao Valor, Cleber Hamada, diretor de estratégia e novos negócios da Copa, destacou que, atualmente, a CTG se concentra exclusivamente no transporte de gás natural, tendo transportado 7 milhões de metros cúbicos por meio de caminhões em 2023. O objetivo agora é diversificar o mix energético com a inclusão do biometano.
“A Compra da CTG vai viabilizar nossa entrada neste segmento, já que as moléculas de biometano e gás natural são as mesmas, mas de origem diferente. Com isso, o processo produtivo e de transporte é o mesmo”, diz Hamada.
O transporte do energético no Brasil é feito via gasodutos e caminhões. Entretanto, o uso da malha de gasodutos é limitado e o acesso em algumas regiões ainda não é regulamentado. Já o transporte rodoviário, os consumidores reclamam de ser mais caro.
A Copa tem clientes que consomem GLP e querem migrar para um consumo mais sustentável. De acordo com o executivo, já há parcerias feitas para compra e venda da molécula sendo negociadas, mas por não ter a licença de comercialização, a empresa estava impedida de formalizar os contratos. “Com a CTG conseguiremos confirmar o interesse e fechar os contratos”, frisa.
Os principais índices de composição do custo da molécula do gás natural são o Brent, o câmbio em dólar e o IGP-M. No caso do biometano, os dois principais índices são o custo de produção e purificação da molécula e a aplicação da inflação apurada pelo IPCA. Neste comparativo, o biometano ainda tem um custo maior em relação ao gás natural, mas tem o apelo ambiental nas agendas de descarbonização das empresas consumidoras.
“Por ter uma demanda de mercado em que as empresas pagam mais caro por um produto mais limpo, o mercado cresce desta forma. E com o aumento da demanda e avanço do processo produtivo, a produção do biometano pode ficar mais barata”, explica.
Uma das dificuldades das empresas que atuam no setor é encontrar fornecedores firmes do energético. Hamada lembra que o Brasil tem grande potencial de produção do insumo pelos setores sucroenergético, produção agrícola e saneamento (aterros), mas reconhece que são poucos players com a molécula disponível. Dados da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), mostram que a produção de biometano para autoprodução e comercialização no Brasil é de apenas 985 mil metros cúbicos por dia.
Entre os potenciais consumidores que a Copa está de olho, estão empresas que consomem óleo combustível, diesel, indústria química, papel e celulose e que tenham metas de transição de fontes fósseis para combustíveis mais limpos.