Segundo analistas, empresas menores têm conseguido competir com preços mais atrativos no Brasil
dities têm afetado o apetite dos produtores por esses insumos — Foto: Reuters
A parcimônia nas compras de fertilizantes por agricultores no Brasil e a entrada no mercado de companhias originárias de polos produtores de matérias-primas estão reduzindo a participação de grandes fabricantes no mercado brasileiro. Ao mesmo tempo em que os preços das commodities agrícolas têm afetado o apetite dos produtores por esses insumos, empresas menos tradicionais têm conseguido colocar seus produtos a preços mais competitivos no Brasil, segundo analistas.
Como resultado, a canadense Mosaic e a norueguesa Yara, as duas maiores do setor, viram sua participação de mercado diminuir nos últimos três anos no país. A fatia da Mosaic no Brasil recuou de 22% em 2021 para 17% em 2023, enquanto a da Yara saiu de 18% em 2021 para 11% no ano passado.
Já companhias como a estatal marroquina OCP e a estatal de Belarus BCP, que sequer apareciam entre as dez maiores empresas de fertilizantes em 2021, passaram a deter 5% do mercado nacional cada em 2023. Belarus é um dos maiores exportadores de potássio do mundo e Marrocos, de fósforo. Os dois elementos são fundamentais nas formulações de adubos.
Os cálculos sobre a participação foram feitos pela consultoria StoneX com base nos dados de importação de fertilizantes, do Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas no Estado de São Paulo (Siacesp), e de produção nacional, da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
Segundo Marcelo Mello, analista da StoneX, o quadro persiste neste ano. “Em 2024, a tendência de redução de volume e perda de market share [dessas empresas] seguirá”, afirma.
A BCP chegou ao mercado brasileiro com representação comercial apenas em 2023, como reflexo de uma busca por clientes alternativos após as sanções aplicadas pelos Estados Unidos e União Europeia (UE) contra Belarus, devido a violações de direitos humanos.
Diante das sanções ocidentais, Belarus começou a acertar vendas de potássio com descontos expressivos para outros importadores. Segundo Bruno Fonseca, analista de insumos do Rabobank, a renegociação de contratos com China e Índia, grandes importadores, foi feita com preços de 12% a 14% abaixo do mercado.
“Isso está colocando uma pressão baixista muito forte no mercado de potássio. Os preços estão caindo de uma forma bastante forte”, afirma Fonseca. “Eles [os países] estão tendo que descontar bastante os preços para conseguir ter acesso ao mercado, competir com o produto sancionado e continuar tendo vendas”.
Essa estratégia começou a afetar empresas como Yara, Mosaic, e a canadense Nutrien.
Quando as sanções à Belarus fizeram as exportações de potássio do país cair de 12 milhões de toneladas para 5 milhões de toneladas ao ano, a Yara voltou-se a outro fornecedor tradicional do produto: a Rússia. A alternativa, porém, logo se revelou inviável com o início da guerra na Ucrânia em 2022, que desencadeou sanções contra o país de Vladimir Putin.