Os bioinsumos não são mais novidade no Brasil. As pesquisas sobre essas soluções agrícolas começaram a se multiplicar na década de 1970, mas foi nos últimos três anos que esse mercado passou a viver de fato um “boom”. Nos próximos anos, espera-se duas grandes ondas de crescimento: bioherbicidas e biofungicidas para a ferrugem asiática, comum no cultivo de soja.
Um estudo da Kynetec – empresa de análises e insights de dados agrícolas – indica que na safra 2022/2023 a adoção de produtos biológicos alcançou 31% da área cultivada e, segundo informações divulgadas no Top Farmers 2023, 60% das propriedades rurais no Brasil utilizam algum biológico, com destaque para mitigadores de estresse hídrico, que agem como uma espécie de seguro contra veranicos.
Pesquisas mostram também que mesmo ainda sendo um dos maiores importadores de defensivos e fertilizantes químicos do mundo, o Brasil já desponta como um dos líderes globais na produção e adoção de bioinsumos e pode se tornar, ainda nesta década, o país que mais utiliza esses produtos em escala mundial.
Para Wladimir Chaga, Presidente da BRANDT Brasil – empresa de inovação tecnológica focada em fisiologia, nutrição vegetal e tecnologia de aplicação, ‘’nota-se atualmente um movimento maior e mais frequente de procura dos produtores por essas soluções, ao mesmo tempo em que há o desenvolvimento constante de novas tecnologias”. Segundo ele, “o crescimento anual do mercado de biológicos é de 40% a 50% e a previsão é de que até 2030 esse segmento atinja a movimentação de R$ 17 bilhões por ano”.
Chaga comenta ainda que há perspectiva de crescimento no uso de soluções baseadas em bactérias e fungos solubilizadores de nutrientes e mitigadores de estresse hídrico. “A demanda por esses produtos deve aumentar nos próximos anos”, reforça.
Eduardo Ivan, Gerente de Produtos da Brandt Brasil, conta que a aceitação e confiança dos agricultores tem aumentado ano a ano e isso tem refletido na taxa de adoção das tecnologias, movimento que deve ganhar ainda mais força. “Na cultura da soja, por exemplo, o uso de inoculantes biológicos já chega a 85% de adoção. Os bionematicidas foram adotados por 26% dos produtores na safra 2023/24. Algumas tecnologias são mais novas, como os solubilizadores de fósforo e mitigadores de estresse hídrico, sendo utilizadas por aproximadamente 4% dos produtores. Esse percentual pode parecer baixo, mas já existe uma alta taxa de crescimento e de recompra’’, comenta.
Produtor deve ter cuidado na escolha do produto
Chaga comenta que, um dos maiores desafios do setor é conter as empresas que vendem insumos biológicos de baixa qualidade e sem o registro adequado nos órgãos competentes. “Isso prejudica a imagem do setor e o trabalho realizado pelas companhias sérias, que investem em pesquisa e desenvolvimento e oferecem ao mercado produtos diferenciados”, reforça.
O executivo enfatiza também que não basta vender o produto ao agricultor. Para ele, “é fundamental oferecer acompanhamento técnico, principalmente no pós-venda, comunicação efetiva e direcionada para a finalidade do produto e mensurar as melhorias e ganhos obtidos. Além disso, deve haver maior disponibilidade e capilaridade dentro dos canais de distribuição para mostrar para todos o quão essa escolha pode ser benéfica para suas lavouras e safras”.
Ivan diz que os produtos biológicos terão papel de destaque e serão importantes aliados do produtor na safrinha do milho, por exemplo. ”O auxílio dos biológicos, tanto na saúde do solo – com bactérias fixadoras de nitrogênio, solubilizadores de nutrientes e fungos micorriza –, como na resistência a estresses abióticos – estimulando o crescimento radicular e preparando melhor as plantas, mesmo em meio às situações adversas –, deve beneficiar sensivelmente as próximas safras, gerando maior rentabilidade às lavouras, finaliza.