Capacidade de produção será de 25 mil metros cúbicos por dia de biometano
Santa Catarina deve ganhar, em 2025, a primeira usina de biometano do Estado. A ideia é fortalecer o uso do gás natural, descentralizando o abastecimento deste biocombustível, no que pode ser o pontapé inicial para a criação de um “corredor verde” no Estado. O projeto deve ser instalado em Campos Novos, Meio-Oeste catarinense.
Este corredor pode ser uma rota de abastecimento de caminhões, por exemplo, com biogás, no caso, o biometano, conforme explica Frederico Botelho, líder de soluções bioenergéticas da (re)energisa.
A planta em Campos Novos irá produzir 25 mil metros cúbicos por dia de biometano, tratar 350 toneladas por dia de resíduos e comercializar 3,5 mil toneladas por mês de adubo. Entre 2024 e 2025, devem ser investidos R$ 80 milhões no projeto, gerando até 100 postos de trabalho durante a obra e 25 novas vagas de emprego para operação da usina.
O que é biometano
O biometano é um produto do biogás, que é obtido da decomposição de resíduos orgânicos: de restos de alimento até dejetos de animais. Esta matéria-prima é colocada em biodigestores — ambientes controlados, sem oxigênio, por exemplo — onde entram em decomposição. O biogás é resultado deste processo.
O biogás é formado por metano e gás carbônico. Para obter o biometano, portanto, é preciso retirar o carbono — e devolvê-lo para a atmosfera, por exemplo.
É o biometano que tem capacidade energética, ou seja, pode ser usado como combustível para veículos (carros e até caminhões, substituindo outros tipos como GNV, gasolina e óleo diesel).
Benefícios
Segundo Botelho, as redes de gás existentes hoje ficam mais centralizadas no litoral do Estado. Ele afirma que há demanda para descarbonização da logística pelas indústrias do Oeste, que poderão ser beneficiadas pela produção de biometano.
É que este gás é uma fonte renovável de energia, usando como matéria-prima um rejeito da própria indústria. O material orgânico da indústria já é transformado em fertilizante pela (re)energisa, que comercializa este material.
— Com a produção de biometano, podemos extrair ainda mais valor do resíduo. Se hoje isso já acontece pela produção do fertilizante, agora, além desse fluxo, a gente também vai ter o fluxo energético — explica Botelho.
Ele também explica que existe uma demanda pelo gás renovável, que vem do interesse de empresas de descarbonizar (ou seja, reduzir a emissão de gás carbônico na atmosfera) especialmente a logística da indústria.
— O Brasil pode ser um dos principais países na produção de biometano no mundo, pelo potencial agrícola e agropecuário — afirma. Ou seja: o setor já produz a matéria-prima do biometano, basta usá-la.
Atualmente, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), três estados tiveram produção de biometano em 2024: Ceará, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Foram 13,3 milhões de metros cúbicos de biometano produzidos só nos dois primeiros meses do ano.
Segundo a Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), o Brasil apresenta o maior potencial energético do mundo: 43,2 bilhões de metros cúbicos por ano de biogás. Esse potencial tem capacidade de suprir quase 40% da demanda nacional de energia elétrica ou substituir 70% do consumo de brasileiro de diesel.